Tirzepatida (Mounjaro™), o novo tratamento para obesidade com perda de peso superior a 20%
- Danielli Orletti
- 14 de ago. de 2023
- 4 min de leitura
Tirzepatida (Mounjaro™), o novo tratamento para obesidade com perda de peso superior a 20%, foi criado para tratar o diabetes mellitus tipo 2, mas pesquisas recentes evidenciam excelentes resultados para o tratamento da obesidade.
Desenvolvido pelo laboratório Eli Lilly, este medicamento é o primeiro e único agonista do receptor GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose) e GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon) aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora ligada ao departamento de saúde do governo norte-americano.

Como a tirzepatida age no corpo e por que leva ao emagrecimento? A tirzepatida atua estimulando os efeitos de dois hormônios diferentes no nosso corpo: O GLP-1 e o GIP. O GLP-1 (peptídeo-1 semelhante ao glucagon) está envolvido no controle da glicemia e na regulação do apetite. Assim, as medicações que estimulam o GLP-1, como o liraglutida (princípio ativo do Saxenda e Victoza), semaglutida (princípio ativo do Ozempic, Rybelsus e Wegovy) e dulaglutida (princípio ativo do Trulicity), auxiliam no controle dos níveis de glicemia e aumentam a saciedade, com consequente perda de peso. O GIP (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose) também está envolvido no controle dos níveis de glicemia, além de regular o balanço energético do apetite e induzir a sensação de saciedade. Portanto, Tirzepatida (Mounjaro™), o novo tratamento para obesida, estimula os receptores de GLP-1 e GIP, gera consequente inibição do apetite e perda de peso.
Qual a eficácia da tirzepatida? O estudo SURMOUNT-1 publicado no dia 04 de junho de 2022 na conceituada revista médica New England Journal of Medicine (NEJM) apresentou o resultado do tratamento com tirzepatida. Foram usadas doses de 5mg, 10mg e 15mg uma vez por semana, subcutânea, por 72 semanas e comparada com placebo em 2.539 pacientes. O peso médio dos indivíduos era de 104,8 kg e IMC médio (índice de massa corporal) de 38. Então, a média de perda de peso com 72 semanas de tratamento foi de 15% com a dose semanal de 5 mg de tirzepatida; 19,5% com 10 mg; 20,9% com 15 mg e 3,1% com placebo, conforme figura que segue.
Além disso, no mesmo estudo observou-se que mais de ⅓ dos pacientes (36,2%) em uso da dose de 15 mg por 72 semanas apresentaram perda de peso ≥ 25%.

Vale ressaltar que esta perda de peso é próxima daquela obtida com a cirurgia bariátrica e este resultado nunca foi observado com outras medicações para tratamento da obesidade. Veja a tabela abaixo comprando o resultado para tratamento da obesidade das principais medicações aprovadas para uso nos últimos anos:
Qual o valor deste medicamento?
Ainda não sabemos qual será o valor da tirzepatida quando chegar ao Brasil, pois a medicação ainda não foi aprovada pela ANVISA.
Atualmente, este medicamento iniciou sua comercialização nos Estados Unidos com um valor médio de US $974 para quatro semanas de tratamento, valor de mercado próximo ao praticado para o semaglutida (Ozempic) de 1mg naquele mesmo país.
Existe alguma previsão da Tirzepatida vir para o Brasil?
O laboratório Lilly já submeteu para a ANVISA a solicitação de registro da tirzepatida para o tratamento de diabetes tipo 2.
Assim, caso aprovada a solicitação, o medicamento poderá chegar ao Brasil em 2023. No entanto, não sabemos ainda quando será a autorização do seu uso para o tratamento da obesidade no nosso país.
A tirzepatida é segura no tratamento da obesidade?
No estudo SURMOUNT-1, os principais efeitos colaterais da medicação foram no trato gastrointestinal, geralmente leves a moderados e transitórios, ocorrendo principalmente após os aumentos de doses.
Além disso, apenas uma minoria de pacientes descontinuaram a medicação devido à efeitos colaterais durante os 72 meses de tratamento (4,3% , 7,1% , 6,2% e 2,6% dos pacientes recebendo 5 mg, 10 mg e 15 mg de tirzepatida e placebo, respectivamente).
Apesar da tirzepatida ser destinada ao tratamento da diabetes tipo 2, seu uso em pacientes obesos e não diabéticos está associado a um risco muito baixo de hipoglicemia (queda da glicemia), inferior a 2%.
Veja abaixo os principais efeitos colaterais observados nos pacientes do estudo SURMOUNT-1:

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